Saturday, April 08, 2006

Domingo de Ramos

Domingo de Ramos é uma espécie de Festa da Juventude ou de Encontros de Jovens em Taizé. Faz então sentido que tenham partido hoje para aquela cidade ecuménica um grupo de jovens da Terceira. Grupo que se juntará a tantos outros, pequenos e grandes, provenientes da Europa e do Mundo. Também parecem consentâneos com o Domingo de Ramos os Encontros de Juventude que se realizam este fim de semana em São Mateus e em muitas outras paróquias da cristandade, para preparar as Jornadas de Juventude previstas para Sydney em 2008.Não há dúvida de que estas festas de juventude nos sensibilizam. Comovem-nos porque já nos marcaram nos tempos que éramos mais novos, quando desafinávamos com os ran rans de uma viola qualquer, ou nos surpreendíamos com o olhar bonito de uma cara que tínhamos por feia. Marcam-nos porque gostaríamos que o fizessem ainda hoje, num sinal, mesmo que fortuito, de que o Reino de Deus pode ser na Terra.E no entanto esse mesmo sinal é - nos trazido ao longo das celebrações da Páscoa onde só o conjunto formado pelos Ramos, pela Paixão, pela Morte, pela Ressurreição e pela vinda do Espírito Santo parece fazer sentido. Só que ficamos boqueados na Paixão e na Morte de Jesus e não temos grande força para nos espantarmos com a Ressurreição ou nos alegrarmos com a maravilha do Pentecostes. Nos Açores as festas do Espírito Santo trazem-nos, com alento, uma espécie de Domingo de Ramos do Novo Testamento mas a verdade é que não temos sabido transmitir a força desse Reino para o resto do ano e para o resto do mundo.E assim nos quedamos pela alienação do Domingo de Ramos. Por um lado ficamos com um vislumbre externo da alegria de um mundo melhor e mais feliz. Por outro lado sabemos que, na intimidade do nosso coração, há falhas e mágoas que nos impedem de transferir aquela alegria externa da festa para a sustentabilidade das festas internas de todos os dias. Ao fim e ao cabo falta-nos coragem para a passagem da paixão e da morte embora a vida nos vá ensinado que é “melhor enfrentar esse touro de caras em vez de ser agarrado pelas costas” sem preparação e sem sustento para aguentarmos e redimirmos a dor e o sofrimento.Também é verdade que, muitas vezes, vamos passando ao lado de tudo isto. Até sermos apanhados pelo espectro do sofrimento e da morte sem nos prepararmos para tal. Resta-nos a lembrança de alguns e a permanência institucional do calendário litúrgico. É bom que o atendamos em uníssono com grande parte do mundo. A festa dos ramos não nos dá a verdade toda mas dá-nos um passo importante para essa verdade e um vislumbre da alegria que ela trás.

1 Comments:

At 4:33 AM, Blogger Desambientado said...

Boa Páscoa.

 

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