Thursday, November 06, 2008

Yes, We Can!?

O slogan é dúbio. Por um lado responsabiliza cada pessoa na criação de um mundo melhor deixando para trás as desculpas esfarrapadas de que a culpa é do Sistema, do Estado, dos chefes, dos ricos, dos criminosos, dos terroristas, da China, da América, ou do que quer que seja. Por outro lado dá o tom fascizante e demagógico que preocupa o mundo face a este “We” Americano. De alguma forma este “We Can!” confunde-se com o preocupante e conciso discurso de Mussolini no qual só disse: “Nós!”. Por tudo isto seria bem melhor que o “We” se tranformasse em “You”, já que, pelo menos neste “You” todos os americamos e não americanos se sentiriam incluídos e responsabilizados em abordar os problemas que afectam o mundo sem criar outros mais graves.
A marca das administrações democrata americanas no mundo não é das melhores. As intervenções das administrações democratas na antiga África Portuguesa não só deram um cunho inusitado de terror quando Holden Roberto, apoiado por John Kennedy, fomentou os massacres no Norte de Angola, que junto novos ódios aos que já existiam, mas também assumiram a hipocrisia de apoiar os dois lados da guerra colonial para que, ao mesmo tempo, mantivessem a Base das Lajes e garantissem um novo posicionamento em África. O posicionamento face a Cuba cristalizou a esquerda na América Latina e colocou-a à mercê do expansionismo soviético, tendo potenciado o crescimento de guerrilhas tipo FARC na Bolívia e a criação de regimes do tipo de Hugo Chavez na Venezuela, de Evo Morales na Bolívia e, anteriormente, de Daniel Ortega na Nicarágua. Isto para já não falar dos desastres no Vietnam no tempo de Johnson, na Somália na era de Clinton, ou do Irão quando Carter esteve no poder. Finalmente, as utopias americanizadas, têm mais efeito no mundo quando propagandeadas por democratas e por isso são mais perturbadoras.
Mas estas, dir-me-ão, são desconfianças de um “portuga” que não se alegra com a esperança de mudança num país hegemónico e influente como os Estados Unidos. País de onde tem vindo a inovação tecnológica, a inovação política, a ciência e alguma arte. Aceito a ingenuidade magnífica da esperança só e só se fizer parte do projecto, se e só se o “nós” me incluir ou então, se o “nós” for substituído por um um “vós”.
E nesse caso proponho-me com Barack Obama para resolver os problemas que afectam o mundo.
- Quero transformar a Base das Lajes de uma arma de guerra que de facto é, numa arma de paz, com low costs a fazerem escalas e voos entre as muitas cidades americanas e os destinos de turismo e de negócio no Médio Oriente, em África e, a partir da Europa, na América do Sul.
- Quero concentrar as cidades americanas de forma a que os seus residentes passem a deslocar-se 30 quilómetros por dia como na Europa em vez de 80 quilómetros por dias como agora acontece nos Estados Unidos, gerando problemas gravíssimos no aquecimento global e na desvalorização das habitações.
- Quero que os recursos naturais sejam pagos nos locais onde existem sejam eles a biodiversidade da floresta tropical da amazónia, o petróleo do Médio Oriente, os recursos humanos da China e da Índia, ou os recursos marinhos dos Açores e do Hawai.
- Quero que ultrapassem a política de muros que construíram na Alemanha, na Coreia, no Vietnam, que estão a construir em Israel e que queriam construir entre o Norte e o Sul de Portugal, o Norte e o Sul de Angola, o Norte e o Sul de Moçambique, o Leste e o Extremo Leste de Timor, a Base e Santa Rita na Ilha Terceira.