Sunday, April 09, 2006

Será que o povo prefere a propaganda?

O Promedia foi aprovado e os órgãos de comunicação social dos Açores vão começar a implementar as medidas de gestão que tinham planeado para o mau cenário do projecto ser aprovado. Não havendo subsídio ao papel, haverá menos jornais de borla disponíveis nas mesas de cafés. Não havendo subsídio ao papel, haverá restrições nos gastos correntes. Por outro lado havendo apoio a algum investimento e a alguma formação haverá necessariamente a apresentação de propostas de investimento e de formação. Vamos a ver como é que o Governo as selecciona e financia! Em conversa aqui e ali as pessoas acham bem que se retire os subsídios. Não as convence a explicação de que a comunicação social está a prestar um serviço público e que é na medida desse serviço que deveria haver o apoio público. Tudo bem.
No entanto convém lembrar as pessoas e os deputados que o gasto que o Governo faz na sua comunicação social e na propaganda jornalística é muito superior aos pequenos apoios que dá aos órgãos de comunicação social privados. E tudo isso é pago naturalmente pelas taxas e pelos impostos.
Desde logo a RTP-A e a RDP-A cujos jornalistas e técnicos são financiados por taxas que todos pagamos. Mas o Governo pouco se preocupa com o desempenho destes seus funcionários desde que mantenham a máquina de propaganda do poder. Pouco importa saber se as audiências são muitas ou poucas, o que importa é que não façam muitas ondas e que estejam à disposição para noticiar os “grandes empreendimentos” da governação. Sintomático é o facto do tempo de noticiário da manhã na RTP ser ocupado por um bom programa, gerido por não um funcionário, mas pago por todos nós. Grave é o facto do noticiário das nove da manhã da RDP ser a brincar com as notícias. Como se a realidade açoriana tivesse menos interesse do que a chacota sobre notícias passadas.
Por outro lado a Lusa tem os meios equivalentes a uma redacção de jornal e, embora seja em paga indirectamente por essas mesmas redacções, a verdade é que tem a segurança das verbas governamentais. E é assim que podem produzir muito o pouco, preocupar-se por tudo ou por coisa nenhuma. Pois sabem que têm a almofada do governo e a renda dos órgãos de comunicação social privados. E se a Lusa fizesse um acordo com as redacções dos órgãos privados para lhes fornecerem notícias? Mas os governantes preferem ter jornalistas mais ou menos controláveis em vez de se arriscarem na liberdade jornalística dos órgãos privados.
Além disso ainda existe o Gabinete de Apoio à Comunicação Social que tenta encher as páginas dos jornais e os tempos das rádios com os projectos e feitos, grandes ou pequenos, de quem nos governa. Já todos conhecemos a lenga-lenga: a ideia é anunciada cinco vezes, o projecto quatro, a adjudicação três, a primeira pedra duas vezes e a inauguração fica para próximo governo. Ao todo serão mais de dez jornalistas o que daria duas redacções. Mas, não contentes com isto, cada secretaria regional tem ainda um ou dois assessores de imprensa num total que rondará as vinte unidades.Grosso modo o Estado na Região tem uma capacidade de produção de notícias equivalente a dez redacções de jornal pagas por todos nós. Só que tende a haver repetição de notícias e muitas delas confundem-se com propaganda. O drama é que, com a votação registada na Assembleia Regional a favor do Promedia, o povo dos Açores através dos seus representantes, preferiu gastar os seus impostos na comunicação social controlada pelo Estado do que estimular a comunicação social com a diversidade redactorial de cada título e de cada jornalista. Foi isso que decidiram! É pena.

1 Comments:

At 4:35 AM, Blogger Desambientado said...

Eu Povo me confesso: sou muito crítico, os meus gostos são.....

 

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