2009
2009 é um ano de esperança. Esperança que a crise financeira e económica internacional não precipite crises políticas e bélicas mais graves. Esperança que os caminhos que escolhemos durante a crise conduzam a uma sociedade mais eficiente, equitativa e sustentável do que aquela em que agora vivemos.
Nesta perspectiva a esperança está fortemente associada à fé. Fé de que é possível fazer uma sociedade mais eficiente, equitativa e sustentável; onde os entendimentos, os gestos, os frutos e os sentimentos sejam mais consentâneos porque mais verdadeiros.
E é assim que a esperança e a fé têm de ser necessariamente completadas pelo gesto. Gesto que, conforme nos foram ensinando e gradualmente fomos percebendo, é muito mais profícuo quando é feito para os outros, com multiplicação de frutos e partilha de sentimentos.
Não há dúvida de que é bom olhar o ano que vem com o sopro do Natal. Natal em que adoramos a vida representada na Árvore de Natal, rejubilamos com a graça do Pai Natal e que, sobretudo, nos revolucionamos com o Encontro com o Menino Jesus. E essa revolução tem que ver necessariamente com os gestos que pensamos para o presente – futuro que é o ano de 2009.
Vamos por partes. Temos que cuidar do corpo e da alma. Temos também que atender ao trabalho e à família. Finalmente convém atender a todos os outros. É verdade que tudo isto se complementa e completa; mas tal não impede alguma programação sistematizada de acções. Uma espécie de Plano de Actividades para 2009 que não só nos comprometa face aos outros e face a nós mesmos mas também sirva para a criação dos tais caminhos que nos conduzem a uma sociedade mais eficiente, equitativa e sustentável.
Quanto ao corpo não é mau seguir o exemplo desses desportistas multifuncionais que os tempos actuais nos presenteiam. Bastam uns sapatos confortáveis e baratos “made in China” e todos os percursos passam a ser percorríveis para bem do corpo de também da alma. Há quem ande e corra parado em máquinas concebidas para países frios mas qualquer que seja o desporto o segredo é manter uma rotina e, de vez em quando, suscitar o desafio de uma competição amigável.
No que se refere à alma temos de ir rapidamente comprar um terço para pôr no bolso e escolher uma missa agradável para ir ao domingo. No fundo temos que criar condições para dizermos “que bom que é estar aqui” na presença do Senhor, para ouvirmos e reflectirmos sobre a sua palavra. É pena que haja menos gente a ir à missa pois é uma oportunidade única de estarem com Nosso Senhor.
Quanto ao trabalho parece mais eficiente criarmos metas e auto regularmos normas de conduta. Há vantagens óbvias. Primeiro passamos a definir grande parte do nosso próprio trabalho em vez de ser um chefe qualquer a tentar impô-lo. Segundo, aqueles que beneficiam do nosso esforço, e in extremis no pagam o nosso ordenado, passam a usufruir de um trabalho normal acrescido de uma montanha de dádiva personalizada.
A família e os amigos “não são para aqui chamados”, poderiam dizer os mais correctos. Mas é também por causa dessas e de outras que a família e a amizade deixou de fazer parte dos pressupostos da intervenção pública sendo facilmente perturbada por sistemas sucedâneos de fraternidades mafiosas, por mecanismos propiciadores de “espécies invasoras” tais como os condomínios para encontros fortuitos ou apartamentos para expulsão de filhos e parentes; ou por sistemas regulamentares incitadores de divórcios, proteladores de casamentos e por aí fora. A solução é invadir os apartamentos minúsculos de parentes e amigos em todas as partes do mundo; equilibrar a relação entre mensagens de telemóveis e emails com os encontros pessoais; pôr a mesa e prolongar as refeições que permitem a conversa;… Tudo isto são coisas que os portugueses sabem fazer como ninguém mas há muitos estrangeirados e estrangeirismos impulsionadores das “fast families” que não dão tempo ao tempo bom.
Finalmente, face aos outros, é fundamental ajustar o sistema de decisão política aos novos desafios e, sendo assim, ou o PS e o PSD mudam radicalmente ou então é bom que sejam substituídos por outra gente e por outro pensar. Pelo sim pelo não, o melhor é alterar os partidos do Bloco Central e ao mesmo tempo fomentar os que para aí estão a aparecer. É também essencial mandar parentes e fazer amigos em Angola, dar força ao Brasil na cena internacional, nutrir o crescimento de Timor, da Guiné, de Moçambique e São Tomé sem esquecer, a nossa presença crucial e histórica na América, na China, na Índia e na Europa.
Se assim for, em Setembro de 2009 já vemos muita luz e muito caminho para percorrer. Pelo menos é isso que os cracks de economia me dizem.